sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Como traumas de infância podem se transformar em ansiedade na vida adulta?

 



 

Os nossos primeiros anos de vida são determinantes na formação da nossa personalidade e visão de mundo. As experiências que vivemos na infância e, principalmente, as impressões que temos destas experiências, se enraízam em nossa mente, condicionando, a partir delas, os pensamentos que teremos sobre o mundo, sobre as pessoas e sobre nós mesmos.

Crianças são como esponjas. Absorvem tudo o que acontece ao seu redor, tanto os acontecimentos positivos, como os negativos. As feridas infantis se desenvolvem a partir do momento em que a criança não tem alguma necessidade emocional básica suprida por parte de seus cuidadores; o que gera uma lacuna afetiva manifesta em forma de ansiedade, tristeza e/ou problemas de relacionamentos na vida adulta.

Existem diversas feridas emocionais, mas lhe mostrarei aqui as cinco feridas infantis mais frequentes, baseadas nos estudos da especialista em comportamento Lisa Bourbeau.

 

1- Medo do abandono

Contextos infantis: quando houve separação dos pais, ou um dos pais saíram de casa. Ou em casos nos quais os pais deixavam a criança durante longos períodos de tempo sob o cuidado de outra pessoa. Também em situações de pais negligentes e ausentes. Qualquer uma destas situações pode gerar (veja bem, não é regra) na criança a fantasia de que foi deixada de lado por um de seus cuidadores.

Na vida adulta: a ansiedade acontece quando a pessoa está sempre em alerta, por pensar que as pessoas próximas estão propensas a abandoná-la. Além disso, o adulto com essa ferida constantemente costuma deixar relacionamentos ao primeiro sinal de que pode ser deixado de lado. A idéia é: “vou abandonar antes que eu seja abandonado de novo”.

 

2- Medo da rejeição

Contextos infantis: uma criança forma sua identidade a partir da forma que é tratada. Se em algum momento, ela sentir que não foi acolhida por seus pais, cuidadores, outros familiares e no ambiente escolar, pode desenvolver um sentimento de inferioridade em relação às demais pessoas.

Na vida adulta: uma pessoa com a ferida da rejeição latente costuma evitar várias coisas em sua vida pelo medo de ser rejeitado. Assim, evita se expor no trabalho, nos relacionamentos; o que faz com que deixe de desenvolver habilidades importantes e viver uma vida plena. Quanto mais esta pessoa evita situações, mais ansiosa ela se torna, caso ela precise enfrentar alguma delas.

 

3-      3- Excesso de rigidez

Contextos infantis: crianças que foram criadas por pais extremamente rígidos e autoritários, de uma maneira que exigiam desta criança atributos além da capacidade dela. Ambientes familiares com muitas cobranças e pouco afeto.

Na vida adulta: uma criança criada neste contexto costuma se tornar um adulto obsessivo pela ordem e pela perfeição, exigindo demais de si mesmo e dos outros. O excesso de ordem acontece pela crença de que ele só será reconhecido se não falhar. Estes adultos costumam trabalhar em excesso, podem ter mania de limpeza e organização e, normalmente, quase não reservam tempo para relaxar. Sua mente está sempre a mil. Esses pensamentos e comportamentos os deixam bem suscetíveis a desenvolverem transtorno do pânico.



   4- Falta de confiança

Contextos infantis: pais que costumavam fazer várias promessas para a crianças e não cumpriam. Crianças que cresceram em ambientes com várias traições entre os adultos, o que faz com que desenvolvam a crença de que não podem confiar em ninguém. Ambientes com frequentes mentiras e engano.

Na vida adulta: a ansiedade acontece através do desenvolvimento de pensamentos paranoicos de que as outras pessoas estão sempre o enganando.

 

5-      5- Humilhação

Contextos infantis: crianças que foram submetidas a frequentes humilhações, violências físicas ou psicológicas, abusos, xingamentos e palavras de desprezo, bullying no ambiente familiar ou escolar.

Na vida adulta: dependendo dos níveis das humilhações, esse adulto terá uma autoestima e autoconfiança extremamente baixos. Isso pode resultar em uma dependência excessiva de outras pessoas para se sentir bem. Pode haver também uma tendência maior a depressão, por não acreditar em suas potencialidades, e enxergar sempre o lado negativo da vida.

 

Se você se identificou com alguma destas feridas, é importante você entender que hoje, como adulto, você pode mudar o curso da sua história. As feridas aconteceram, de fato, não há como mudar o passado. Mas você pode mudar o seu presente para ter um futuro melhor. Como? Se as feridas forem muito profundas, não há como superá-las de forma efetiva se não fizer uma psicoterapia. Você só não deve acreditar que ficará a vida toda sendo escravo do seu passado. Mesmo que seja difícil, você pode reassumir o controle da sua história, e não deixe de buscar ajuda para isto!

 

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Os prejuízos de procrastinar

 


Quem nunca ficou “empurrando com a barriga” e deixou pra última hora aquela tarefa que precisava ser feita, mas era árdua e pouco prazerosa? Sim, nosso cérebro tende a querer economizar energia, poupando-a para “quando precisar”. Por isso, é muito difícil começarmos aquilo que é trabalhoso, e, principalmente, pouco prazeroso.

Todos nós procrastinamos várias coisas em nossas vidas. Contudo, algumas pessoas procrastinam tanto que acabam não saindo do lugar, trazendo prejuízos para sua vida. Quando você fica deixando para depois, por exemplo, uma mudança no seu estilo de vida (reeducação alimentar, consultas médicas, exercícios físicos), sua saúde vai piorando. Nós costumamos procrastinar, com mais frequência, tarefas que não vemos um resultado imediato, mas a longo prazo (ex: estudar para um concurso, exercícios físicos, inserir o hábito de leitura). Isso acontece porque o nosso cérebro tem dificuldades em avaliar desfechos a longo prazo. Logo, ele avalia da seguinte forma: “se eu não estou vendo um resultado disto agora, porque vou me esforçar tanto? Será que vai valer a pena?.”

O fato é que a procrastinação em excesso acaba trazendo uma demanda maior de estresse para o dia a dia de uma pessoa, e essa carga de estresse acaba sendo prejudicial à saúde e a produtividade, aumentando a ansiedade. Ou seja, mesmo que dê trabalho começar uma tarefa indesejada, mas necessária, é melhor desobedecer a “voz da economia de energia” que nosso cérebro nos sinaliza no início, para que tenhamos menos estresse a longo prazo. Por exemplo: na vida profissional, se você ficar deixando as tarefas para depois, você acaba tendo que fazer correndo, pode perder prazos, perder noites de sono para concluir, etc; essa carga de estresse é muito maior do que se você tivesse feito um pouco a tarefa aos pouquinhos, com tempo. Outro exemplo é a vida financeira: um procrastinador pode ter dificuldades em pagar suas contas em dia, acaba pagando vários juros e multas, entra em dívidas, não consegue se organizar financeiramente para fazer coisas que gosta. São questões que atrapalham muito nossa qualidade de vida.

Assim, descobrir as raízes da sua procrastinação e aprender a gerenciar suas tarefas pode diminuir bastante sua carga de estresse e de ansiedade no seu dia-a-dia, além de te proporcionar mais saúde e realização de sonhos (com organização de tempo, atividades, finanças, você pode ir mais longe do que imagina). Te convido a dar uma atenção especial a essa área da sua vida, e buscar cada vez mais estratégias para evitar o hábito da procrastinação nos seus dias.

Com carinho,

Luciana

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Como a ansiedade atrapalha o sono?

 


A maioria das pessoas ansiosas se queixam de insônia. Isso acontece porque a ansiedade é um estado de alerta, como uma mensagem constante de que pode acontecer algo ruim. Isso faz com que o cortisol (hormônio do estresse) esteja sempre na ativa, e dificulta a produção de melatonina (hormônio do sono). É como se o seu cérebro enviasse para você a seguinte mensagem: “se você descansar e baixar a guarda, você corre perigo”.

Essa é uma herança evolutiva que trazemos de nossos ancestrais. O homem primitivo precisava deste alerta, caso houvesse alguma fera por perto pois, se ele descansasse, podia ser atacado por esta fera. Hoje, as nossas “feras” são nossos problemas e preocupações, que interpretamos como ameaças. Se você é uma pessoa ansiosa, provavelmente, assim que você deita a cabeça no travesseiro, a sua mente deva ser inundada por catástrofes reais ou imaginadas por você.

E o contrário também acontece: dormir pouco aumenta sua ansiedade. Acaba se tornando um ciclo adoecedor. Um dos maiores erros de pessoas ansiosas é ignorarem o seu sono, e não priorizarem uma rotina de sono reparador. Quando a mente está acelerada, a rotina do sono é fundamental para fazer com que o seu cérebro desacelere e entenda que a melatonina já pode começar a ser produzida, por ser a hora do descanso.

Se você estiver com o corpo e a mente acelerados antes de dormir, dificilmente você conseguirá pegar no sono, pois o seu cérebro não entendeu que é o momento de se desligar. Neste sentido, a rotina do sono te ajuda a sinalizar para seu cérebro que é o momento de ele descansar. Além disso, a ansiedade alta pode fazer com que você acorde mais vezes a noite, e essa preparação prévia do cérebro diminui as chances destes micro-despertares ocorrerem.

Seguem algumas orientações que te ajudarão a dar esse “recadinho” para seu cérebro e, consequentemente, te ajudar a dormir melhor, e ficar menos ansioso:

·         Acalme o ambiente da sua casa e do seu quarto: apague as luzes, abaixe ou desligue a TV, deixe a temperatura do quarto agradável (janelas, cobertores, ar-condicionado ou aquecedores), se afaste do celular.

·         Procure sempre dormir e acordar no mesmo horário, para que seu organismo crie um relógio biológico interno regular.

·         Antes de dormir, anote todas as suas preocupações em um caderno. Isso te ajudará a limpar a sua mente, evitando que estas preocupações fiquem borbulhando em sua cabeça naquele momento.

·         Evite trabalhar ou estudar em sua cama. Não condicione sua cama a trabalho ou agitação. O cérebro deve associar o local (cama) a descanso. Assim, fica muito mais fácil desacelerar, e você ter um soninho tranquilo.

·         Se estiver a mais de uma hora tentando dormir e não conseguir, não fique revirando na cama por todo esse tempo, pois isso te deixará mais agitado e o sono demorará ainda mais para chegar. Precisa acontecer uma "quebra" com algo relaxante (leitura leve, meditação, música calma, chás).

·         Use estímulos auditivos (músicas calmas) e olfativos (cremes, óleos essenciais, difusores, velas aromáticas) para te ajudarem a relaxar.

·         Pare as atividades intelectuais e físicas mais pesadas por, pelo menos, uma hora antes de dormir.

 

Seguindo estas orientações, sem dúvidas, você verá uma grande diferença na qualidade do seu sono, o que, consequentemente, te ajudará a viver dias menos estressantes, mais produtivos, com menor irritabilidade. Não deixe de priorizar a busca por sono de qualidade, elas são fundamentais para você se manter emocionalmente bem.

 

Te desejo ótimas noites de sono!

 

Luciana Rodrigues

Psicóloga. CRP 04/34188

 

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